como posso eu não gostar de escrever
e não preferir a escrita à fala?
conforme estas palavras vão sendo lidas
sua atenção é toda voltada para elas
você pode, é claro, desistir das minhas linhas
no entanto, se opta por acompanhá-las
é nelas que você se concentra
e isso não é pouco, mas também não é só:
no meu escrever, eu posso ser eu, inteiramente eu
caso em que, como consequência e em troca, você me tem
agora, pode ser que essa troca não te valha a pena
mas ambos temos uma singela garantia:
a do contato com a expressão da minha
momentânea que seja
essência… como pode tal escrita não ser
sinônimo de vulnerabilidade?
ela é uma entrega implicada na própria exposição
entrega que desvela um sujeito
e o apresenta assim:
como posso eu gostar de escrever?